Indicados e vencedores do FESQ X (vencedores estão em negrito)


Melhor Figurino
Cidade Solidão (Cidade Solidão - Multifoco Cia de Teatro - RJ)
O Leitor (Cortejo, Teatro em Cia - Três Rios/RJ)
*Mulher Perfeita (Grupo Os Despretensiosos - Niterói/RJ)

Melhor Cenário
Cidade Solidão (Grupo Multifoco Cia de Teatro - RJ)
*Sobre Discos e Outras Sutilidades (Grupo PataPHísicos - RJ)
Acordados (Grupo Lacuna - RJ)

Melhor Texto
*O Dote ou O Veneno Colorido (Grupo Limiar de Teatro - RJ)
Dois Pontos (Grupo de Botas - RJ)
Mulher Perfeita (Grupo Os Despretensiosos - Niterói/RJ)

Melhor Ator
Eduardo Landim (Acordados - Grupo Lacuna - RJ)
Jiddu Saldanha (Da Arte de Navegar na Luz - Grupo Jiddu Saldanha - Cabo Frio/RJ)
*Luan Vieira (O Leitor - Cortejo, Teatro em Cia - Três Rios/RJ)

Melhor Atriz
*Florencia Santangelo (Acorda, Amor - Grupo Quatro Mãos - RJ)
Bruna Portella (O Leitor - Cortejo, Teatro em Cia - Três Rios/RJ)
Debora Sanders (O Caçador - Cia Reprises - RJ)

Júri Popular
*Acordados - Grupo Lacuna - RJ

Premio Especial do Júri
*Da Arte de Navegar Na Luz - Grupo Jiddu Saldanha - Cabo Frio/RJ (Pesquisa de Linguagem)
Residência no Redemoinho - Grupo Teatro Trupiniquim - RJ (Pesquisa de Linguagem)
Licença, Machado - Os Inomináveis Cia de Teatro - RJ (Pesquisa de Linguagem)

Melhor Direção
Ricardo Rocha (Cidade Solidão - Multifoco Cia de Teatro - RJ)
*Rodrigo Portella (O Leitor - Cortejo, Teatro em Cia - Três Rios/RJ)
Carolina Plismel (O Dote ou O Veneno Colorido -  Grupo Limiar de Teatro - RJ)

Três melhores esquetes
*O Leitor - Cortejo, Teatro em Cia (Três Rios/RJ)
*Mulher Perfeita -  Grupo Os Despretensiosos (Niterói/RJ)
*Cidade Solidão -  Multifoco Cia de Teatro (RJ)
O Caçador - Cia Reprises (SP)
O Dote ou Veneno Colorido - Grupo Limiar de Teatro (RJ)
Acordados - Grupo Lacuna (RJ)
Acorda Amor - Grupo Quatro Mãos (RJ)

ESQUETES FINALISTAS DO FESQ X – INDICADAS PARA OS PRÊMIOS DE MELHOR ESQUETE


ESQUETES FINALISTAS DO FESQ X – INDICADAS PARA OS PRÊMIOS DE MELHOR ESQUETE

“Acorda Amor”
Grupo Quatro Mãos (RJ)

“Mulher Perfeita”
 Grupo Os Despretensiosos (Niterói/RJ)

“Cidade Solidão”
 Multifoco Cia de Teatro (RJ)

“O Caçador”
Cia Reprises (SP)

“O Dote ou Veneno Colorido”
 Grupo Limiar de Teatro (RJ)

“O Leitor”
Cortejo, Teatro em Cia (Três Rios/RJ)

“Acordados”
Grupo Lacuna (RJ) 

ANÁLISE DAS CENAS DE SEXTA-FEIRA (FESQ/2012)


O CIRCO VOADOR (Grupo Os Bruxos da Corte - Santa Catarina)

Sempre quando temos dificuldades em relatar a nossa proposta de montagem os resultados desta ausência de métodos e investigações da encenação se revelam. Na cena em questão, o elenco compõe personagens emitindo um falsete para realçar uma possível farsa conduzida na maioria das vezes frontalmente, que lhes dificulta resolver os desafios mais fundamentais de uma encenação que a sua direção não conseguiu resolver, nem descrever. 



ÀS CRIANÇAS MORTAS (Cia do Solo - Rio de Janeiro)

O ator narrador que desenvolve um correto trabalho de composição apoiado na contação coloquial da história, nos leva, como público, ao deleite e ao distanciamento de o acompanharmos pelo carisma e particularidades íntimas que ele empresta à sua narrativa. Na quebra desse leve envolvimento, ora animando com objetos e adereços ora usando o corpo para desenvolver a ação, a sensação desse distanciamento permanece presente. Um ótimo resultado daquilo a que se propõe no despojamento dos recursos, onde o instrumento eletrônico do músico que o acompanha destoa. 



MORTO, LOGO EXISTO (Grupo Movimento Mínimo - Londrina)

Um interessante jogo pantomímico e irreverente, onde são protagonizadas narrativas e ações, pontuadas em climas e anti climas quase que em tom de sátira e non sense, construídos em composições necessárias para exercer, comunicar a crítica cênica pretendida e ainda fazer o público se divertir. Tudo dá certo quando um elenco sabe fazer o que pretende.



DOIS PONTOS (Grupo de Botas - Rio de Janeiro)

O jogo cênico que se instala utilizando situações de várias obras da teatralidade instiga o nosso imaginário a partir de uma encenação onde a leveza e graciosidade das atrizes realçada pelos tons claros da ambientação, constroem e desconstroem momentos de rara beleza onde seus corpos, gestuais e emissão vocal prestam serviço integral ao nosso sensorial. A dramaturgia fica um pouco sacrificada por esse excesso de beleza, nos dificultando em alguns poucos momentos em decodificar essa integralidade. 



HORÁCIO CONTRA HAMLET (Grupo Tarja - Rio de Janeiro)

Também a mesma dificuldade da direção transmitir na proposta o que pretende com a cena, para podermos nos afastar do nosso gosto pessoal. Porém, fica claro a sua proposta quando a vemos, que é a de brincar pelo non sense com o drama shakespeariano  Intenção posta e bem expressa pelos atores que conseguem realizar o jogo com o relaxamento necessário para que se deflagre essa teatralidade. O problema é que a falta clara de objetivos da sua concepção não nos faz íntegros à comédia representada, onde o jogo e a diversão se instalam mais lá entre o elenco.



MILHO AOS POMBOS (Grupo Três de Paus - Rio de Janeiro)

Descrever a sua investigação para quem vai analisar e julgar um espetáculo é sempre de vital importância também para quem o realiza. A estética só não se basta, o estudo a realimenta e nos torna mais depurados, quando, após cria-la, a conceituarmos ou vice versa. Na cena vê-se uma elaboração de composição baseada em exagerados estereótipos que poucas vezes é rompido, quando o alvo do conflito aparece, mas que não revelam a teatralidade possível a ser extraída dali.



José Facury Heluy
Outubro 2012

ANÁLISE DAS CENAS DE QUINTA-FEIRA (FESQ/2012)


O DOTE OU VENENO COLORIDO (Grupo Limiar de Teatro - Rio de Janeiro/RJ)O jogo se instala na desconstrução do melodrama em prol de uma linguagem recortada de gestuais e climas onde os personagens interagem em rupturas espaciais preservando a unidade do elenco com a força necessária para atingir o público. Uma prova cênica viva que podemos experimentar a linguagens que quisermos no teatro sem nos afastamos da verve comunicativa que torne o público inteligente do bom texto e da leitura cênica apresentada. Força, ritmo e tempo contribuíram para essa força se dar.

SEGREDO: A LÁGRIMA DO PALHAÇO (Grupo Atos e Cia Expressart - Nilópolis/RJ)Uma série de composições  lúdicas interessantes no coro, onde cabeças de palhaços se multiplicam é um achado interessante na forma e no conteúdo simbólico e de bom apelo visual para pontuar o monólogo que, na medida que nos deleita também nos afasta daquilo que é dito em cena. Como os signos deste desdobramento na realimenta a teatralidade, o espetáculo fica lá no palco entre os realizadores do jogo, apesar da sua bonita pintura visual.

ACORDADOS (Grupo Lacuna - Rio de Janeiro/RJ)A encenação desenvolve uma interessantíssima teatralidade cômica, onde a sátira, o meta teatro, a crítica do envolvimento ao clássico shakespereano ao longo da sua história, são meros pretextos para uma brincadeira que trafega pela contação vivencial e a retoma com leveza em ótimas composições com perfeito domínio da narrativa e da ação. Cenograficamente as áreas neutras, simbólicas e gráficas pontuam de forma magistral as composições revelando-se como o achado magistral que dá potência comunicativa ao vigor cênico do elenco.

O LEITOR (Cortejo, Teatro em Cia - Três Rios/RJ)O drama que mescla a narração com a ação, pelas necessárias rupturas, caminha em uma tênue linha, onde só quem a concebe e a expressa pode amarrá-la para que o público não perca a sua emoção rompida com fluidez pela narrativa. Consiste aí, a força do trabalho, onde os atores fazem essa transposição tornando-nos participes, tanto de uma como da outra gramática cênica. A direção modela as composições a serviço desse jogo, também sempre abrindo brechas, para que também o participemos dele sensitivamente. Um distanciamento, sem, necessariamente, quebrar frontalmente a tal quarta parede.

NOTAS DE BATOM (Cia Crônica de Teatro - Belo Horizonte/MG)A narrativa no monólogo é muito bem expressa, clara, concisa, assim como um desfio em que a atriz nos faz como público coadjuvante da sua ação. A inquietação que nos chega, resultante da sua composição nos leva mais a apreciar os detalhes da sua composição, distanciando-nos do jogo. Mas a proposta não essa, mas sim deixar-nos desconfortáveis na nossa “normalidade” no papel de tratador sócio mental conduzido a sê-lo. Fica-nos uma pergunta, tudo em cena está bem representado e o elemento signo primordial que dá nome à cenas enriquece ainda mais isso. Então, o que faltou para que, a partir da teatralidade expandida nos tornemos mais integrados à ação?

ENTRE PAREDES DE SANTA CLARA (Grupo Risco Teatral - São Pedro da Aldeia/RJ)Ter claro os objetivos diante das diversas linguagens que estão aí postas a serviço do teatro sempre nos beneficiará, tanto para o aprendizado do elenco como para o crescimento intelectual do público. A cena ficou ali, quase que como uma leitura de mesa caracterizada, para um pequeno público ao redor. Quando o elenco ao direcioná-la para a linguagem que achar conveniente para transformá-la em teatralidade, aí sim ela sairá daquele claustro umbilical para arrebatar-nos em dramaticidade.

José Facury Heluy
Outubro 2012

ANÁLISE DAS CENAS DE QUARTA FEIRA (FESQ/2012)


RESIDÊNCIA NO REDEMOINHO (Grupo Teatro Trupiniquim - Rio de Janeiro)A atriz que possui ótimos recursos corporais e gestuais compõe muito bem nestes aspectos a personagem, desde a caracterização pautada no aspecto popular, inserindo toda sofisticação do teatro físico e nos próprios espasmos expressionistas da dança  teatro japonesa (Buthô), sem que se sinta este compartilhamento, pela fluidez com que trafega nestes universos de linguagens tão propicias à uma encenação particularizada. A voz que empresta à personagem, talvez pelo excesso de exigência física, é prejudicada na sua emissão, em momentos importantes da encenação.

POR UNS “REAL“ A MAIS (Grupo Surgiu na Hora - Nilopólis)Sátira com os truques da comédia pastelão para atrair o riso do público, tudo isso foi intencional e de fato acontece com a montagem, obsequiando continuamente e dando os tempos necessários para o folego necessários para que a plateia se deleite nas interpretações descontraídas e irreverentes da cena. Trabalhos como este são bem comuns em circos mambembes que rolam pelo Brasil afora e nos traz coisas interessantes nos aspectos voltados ao estudo do teatro, desta feita parodiando o oeste norte americano.

ENTRE O AMOR E A ESPADA (Bubui Cia de Teatro - Rio de Janeiro)A trama é interpretada com certa  singeleza pelos atores, exigindo todos os recursos a que o jovem elenco se dispõe, onde tudo é visto, escutado, assimilado e composto com o cuidado que uma cena exige, porém na transposição do narrativo para o coloquial, a de ter um maior cuidado na sustentação entre o solene da narrativa e típico dos personagens,  para que não transpareça a falta de peso dos atores para personagens tão revestidos de traços populares

CIDADE SOLIDÃO (Multifoco Cia de Teatro - Rio de Janeiro)Uma cena que trata da busca da paz interior entre encontros e desencontros, bem ambientada com elementos cenográficos simbolicamente bem representados, que se deslocam, propiciando-nos a outras leituras e interpretações que nos fazem mergulhar na poética do texto, sem dúvida que alcança o seu objetivo que é o de nos fazer entrar na sutileza que dela (s) emana. Bela cena, mas a escada (como árvore) é uma ferramenta estranha à esse lirismo.

LICENÇA, MACHADO (Os Inomináveis Cia de Teatro - Rio de janeiro)Sempre as experiências ousadas me instigam e, logicamente me sinto desafiado por elas. O drama verbaliza as situações por qual passam opressores e oprimidos da trama, utilizando um coro de bons recortes do teatro dança, na maioria dos momentos construídos com rara beleza. Nos deslocamentos narrativos e também no aspecto da teatralidade possível, nos vem na forma de um jogral descontraído, para se revelar depois que se tratava de um meta teatro. Beleza! Tudo é muito bonito em partes, e nos toca, mas o cuidado que tiveram com as composições do coro não foi o mesmo com o dos rompimentos.

O CAÇADOR (Cia Reprises - São Paulo)Dominar em todos os aspectos a pesquisa a que uma montagem se propõe, desde a composição, a caracterização, a emissão vocal e as diversas peculiaridades técnicas que a linguagem pesquisada propicia e transformá-la em arte é o que mais enriquece o universo da cena. Este número tem isso tudo, na sua simplicidade, singeleza, tempo cômico, gags, pantomima que nos transmuta do estado de analista, deixando-nos quase igual ao da forma animada que o ator (o anti palhaço) percussionista, mostra em cena. Aliás, palhaças são sempre bem mais graciosas nos picadeiros dessa nossa função.


José Facury Heluy
Outubro/2012

ANÁLISE DAS CENAS DE TERÇA FEIRA (FESQ/2012)


ACORDA AMOR (Grupo Quatro Mãos - Rio de Janeiro)Excelente montagem, apoiada na linguagem do solo narrativo, onde os recursos da atriz se revelam em gestuais e partituras corporais miméticas bem dosadas, que se expandem para o imaginário da plateia com singularidade. A direção pontua essa disponibilidade, simplificando e contendo ainda mais os possíveis excessos para expressar a magia do conto de fadas, tornando a cena pontualmente brilhante.

OS METÓDOS DE ENSINO DA DONA MARAGARIDA (Cia Nós da Baixada - Nova Iguaçu)Com qualidade, a composição do coro para satirizar o autoritarismo irreverente da professora, deflagra um jogo de canto e contra canto interpretativo, através da boa interpretação das atrizes que prende o público na observação atenta da trama. No mesmo tempo que isso se dá, estagna a plateia da hilaridade que a direção tenta imprimir na encenação, que de certa forma impede uma entrega maior do público do que está sendo jogado em cena. O trágico se revela mais do que a comédia.

SOBRE DISCOS E OUTRAS SUTILIDADES (Grupo Os PataPHísicos - Rio de Janeiro)A montagem situada em uma ótima ambientação cênica que sugere o enquadramento gráfico da história de quadrinhos  evolui para um desfecho de situações que se conjugam como se um dependesse do outro para se resolverem. Tudo muito bem disposto e devidamente arquitetado para o jogo se concretizar, porém na tentativa de desfragmentar a interpretação naturalista, esse jogo acaba se estabelecendo muito mais entre os atores do que as possibilidades infinitas para alcançar o público.

DA ARTE DE NAVEGAR NA LUZ (Grupo Jiddu Saldanha - Cabo Frio)Um solo narrativo emoldurado pela mímica de estilo clássico com nuances na composição popular sempre oferecerá um significante campo laborial para achados importantes. Na montagem, o tratamento dado ao coro narrativo vem com o propósito do conto, porém a pantomima que é excelente quando ela se mostra como performance, na maioria das vezes, apenas ilustra a narrativa que de certa forma cai no gosto da plateia mais comum, mas que nos leva a sugerir mais investigação.

O DEPOIMENTO DA MULHER MORTA (Grupo O Coletivo Delirante - Macaé)A montagem trafega na procura de uma linguagem pós dramática em quase tudo que disponibiliza em cena, a partir da composição atoral, os símbolos e os ícones que descodificam seus estados naturais para propiciar essa desconstrução, que se revela como o eixo da trama. Porém, a intenção se mostra, expõe, mas não se sustenta, ao longo do tempo onde as interpretações e os próprios achados cenográficos vão se perdendo até o final, deixando-nos meio a parte do jogo estabelecido.

MULHER PERFEITA (Grupo Os Despretensiosos - Niterói)Um texto com construção precisa e elenco fazendo a leitura visceral daquilo a que ele se propõe sempre nos traz bons resultados. Trafegando ora no tragicômico, quando parte para a teatralidade e ora no melodrama quando narram, inclusive propiciando o cruzamento dessas duas linguagens que alguns teóricos insistem que são diferentes; atores e direção desta cena estabelecem o jogo necessariamente rico para o público se deleitar através do jogo, nos mistérios da dramaturgia apresentada.

José Facury Heluy
Outubro/2012