RESIDÊNCIA NO REDEMOINHO (Grupo Teatro Trupiniquim - Rio de Janeiro)A atriz que possui
ótimos recursos corporais e gestuais compõe muito bem nestes aspectos a
personagem, desde a caracterização pautada no aspecto popular, inserindo toda
sofisticação do teatro físico e nos próprios espasmos expressionistas da
dança teatro japonesa (Buthô), sem que
se sinta este compartilhamento, pela fluidez com que trafega nestes universos
de linguagens tão propicias à uma encenação particularizada. A voz que empresta
à personagem, talvez pelo excesso de exigência física, é prejudicada na sua
emissão, em momentos importantes da encenação.
POR UNS “REAL“ A MAIS (Grupo Surgiu na Hora - Nilopólis)Sátira com os truques
da comédia pastelão para atrair o riso do público, tudo isso foi intencional e
de fato acontece com a montagem, obsequiando continuamente e dando os tempos
necessários para o folego necessários para que a plateia se deleite nas
interpretações descontraídas e irreverentes da cena. Trabalhos como este são
bem comuns em circos mambembes que rolam pelo Brasil afora e nos traz coisas
interessantes nos aspectos voltados ao estudo do teatro, desta feita parodiando
o oeste norte americano.
ENTRE O AMOR E A ESPADA (Bubui Cia de Teatro - Rio de Janeiro)A trama é
interpretada com certa singeleza pelos
atores, exigindo todos os recursos a que o jovem elenco se dispõe, onde tudo é
visto, escutado, assimilado e composto com o cuidado que uma cena exige, porém
na transposição do narrativo para o coloquial, a de ter um maior cuidado na
sustentação entre o solene da narrativa e típico dos personagens, para que não transpareça a falta de peso dos
atores para personagens tão revestidos de traços populares
CIDADE SOLIDÃO (Multifoco Cia de Teatro - Rio de Janeiro)Uma cena que trata da
busca da paz interior entre encontros e desencontros, bem ambientada com
elementos cenográficos simbolicamente bem representados, que se deslocam,
propiciando-nos a outras leituras e interpretações que nos fazem mergulhar na
poética do texto, sem dúvida que alcança o seu objetivo que é o de nos fazer
entrar na sutileza que dela (s) emana. Bela cena, mas a escada (como árvore) é
uma ferramenta estranha à esse lirismo.
LICENÇA, MACHADO (Os Inomináveis Cia de Teatro - Rio de janeiro)Sempre as
experiências ousadas me instigam e, logicamente me sinto desafiado por elas. O
drama verbaliza as situações por qual passam opressores e oprimidos da trama,
utilizando um coro de bons recortes do teatro dança, na maioria dos momentos
construídos com rara beleza. Nos deslocamentos narrativos e também no aspecto
da teatralidade possível, nos vem na forma de um jogral descontraído, para se
revelar depois que se tratava de um meta teatro. Beleza! Tudo é muito bonito em
partes, e nos toca, mas o cuidado que tiveram com as composições do coro não
foi o mesmo com o dos rompimentos.
O CAÇADOR (Cia Reprises - São Paulo)Dominar em todos os
aspectos a pesquisa a que uma montagem se propõe, desde a composição, a
caracterização, a emissão vocal e as diversas peculiaridades técnicas que a
linguagem pesquisada propicia e transformá-la em arte é o que mais enriquece o
universo da cena. Este número tem isso tudo, na sua simplicidade, singeleza,
tempo cômico, gags, pantomima que nos transmuta do estado de analista,
deixando-nos quase igual ao da forma animada que o ator (o anti palhaço)
percussionista, mostra em cena. Aliás, palhaças são sempre bem mais graciosas
nos picadeiros dessa nossa função.
José Facury Heluy
Outubro/2012
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